No mundo real, o risco zero não existe. Isso porque, em tudo que fazemos, há sim a possibilidade de ocorrer um imprevisto, um erro, e tudo muda em uma simples tarefa rotineira. Corremos riscos todos os dias e eles estão presentes em nossas vidas. No ambiente industrial, ao lidar com máquinas e equipamentos, o objetivo de gestores e colaboradores deve ser o de estar mais próximo possível do risco zero. Essa é melhor forma de evitar acidentes de trabalho e garantir a saúde, a segurança e o bem-estar de todos.
No entanto, arriscar-se faz parte da natureza humana. Por isso é tão importante trabalhar a percepção de risco com a sua equipe: conhecer, perceber os riscos que estão à nossa volta e minimizá-los ao máximo possível.
Quer um exemplo prático? Atravessar a rua é um risco. Atravessá-la sem olhar para os lados aumenta muito esse risco. Reconhecer que ao atravessar a rua, por mais calma que ela seja, existe a possibilidade de atropelamento é ter a percepção do risco. Agora, a atitude de parar, olhar para os lados, esperar os carros passarem e aí sim atravessar com segurança é fazer o gerenciamento do risco existente. É um exemplo simples, mas que precisa ser entendido por todos que lidam com riscos ocupacionais diariamente.
Continue a ler e entenda como é possível garantir maior segurança no trabalho!
No sentido mais utilizado, o risco está associado à probabilidade de ocorrência de um acidente e a intensidade dos danos ou perdas causados por essa ocorrência. Ou seja, é a possibilidade de acontecer algo. O risco também pode estar associado a uma ocorrência positiva, mas não vamos tratar desse tema aqui.
Já a percepção de riscos, como exemplificado anteriormente, é o ato tomar consciência, por meio dos sentidos (audição, tato, visão, olfato, paladar), de algum perigo eminente, tomando a decisão adequada para evitá-lo. Isso é muito importante para o trabalhador uma vez que qualquer atividade produtiva tem em si um risco em potencial, mas que não necessariamente vá causar um acidente.
Por mais que se faça a prevenção, as condições de trabalho podem mudar ao longo dos anos ou em algumas situações diversas. Por isso, é sempre importante que todos os envolvidos em uma determinada atividade trabalhem para evitar acidentes, identificando uma situação de risco.
A empresa, por outro lado, precisa ter o domínio sobre todas as potenciais situações de acidentes existentes para que sejam sanadas com rapidez. Por isso, quando uma situação de risco é identificada em sua rotina, o trabalhador precisa informar à gerência, que deve tomar todas as medidas cabíveis.
Muitos comportamentos de risco no trabalho podem ser associados à falta de percepção do risco, à ausência de medidas de controle eficientes para prevenção de acidentes e até à falta de comprometimento dos colaboradores com a sua segurança e de seus colegas. O comportamento de risco é individual, isto é, depende dos atos de cada um, mas a atitude de um pode afetar todos os outros.
Conheça alguns comportamentos de riscos na rotina industrial:
- Falta de atenção;
- Ritmo acelerado de trabalho;
- Fazer as coisas no "modo automático";
- Atitudes muito confiantes (sentimento de segurança em tudo o que se faz, devido à rotina);
- Desrespeito aos procedimentos e normas de segurança;
- Uso inadequado de ferramentas ou máquinas;
- Uso de ferramentas ou materiais estragados;
- Uso de equipamentos sem manutenção;
- Operar equipamento sem treinamento adequado;
- Tentar realizar manutenção em um equipamento sem treinamento adequado;
- Falta de uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e Coletiva (EPCs);
- Comportamentos inadequados no ambiente de trabalho, como brincadeiras que coloquem em risco a vida de outros trabalhadores.
Você sabe quais são os fatores de riscos aos quais os colaboradores estão expostos nas rotinas de trabalho? Esse é um passo importante para a identificação dos pontos críticos dentro da indústria. Além de analisar as atividades e áreas, é preciso levantar os riscos e estabelecer as prioridades de segurança. O objetivo é garantir a implantação de uma cultura de segurança dentro da empresa, com um plano de ações para contornar esses problemas e medidas que visam reduzir acidentes e doenças ocupacionais, protegendo a integridade dos trabalhadores.
A legislação brasileira prevê que as empresas sigam as Normas Regulamentadoras (NRs), da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), para garantir a saúde dos seus colaboradores. O primeiro passo é compor uma equipe multidisciplinar focada na segurança do trabalhador, formando um Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT). Esta equipe deve ser composta por diversos profissionais, dentre os quais: técnico de Segurança do Trabalho, engenheiro de Segurança do Trabalho e médico, enfermeiro do Trabalho e outros profissionais que possam contribuir para a elaboração de um plano de segurança.
Reportar riscos é uma forma de aumentar a segurança na sua empresa. Por isso, quando ocorre algo fora do previsto durante a execução de um trabalho, tudo precisa ser relatado aos líderes e repassado ao restante da equipe, como forma de fortalecer a cultura interna de segurança.
Para isso, a empresa deve incentivar o reporte de riscos por um meio oficial, que pode ser anônimo. Reportar é informar ao gestor qualquer situação que possa colocar a sua saúde ou a de outro colaborador em perigo. No reporte deve ser descrita a ocorrência ou risco, como o funcionamento anormal de uma máquina ou equipamento, uma postura inadequada de um colaborador, a falta de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) ou Individual (EPI) e até uma sugestão de melhora em um processo. Esta ocorrência deve ser levada para a área de Segurança do Trabalho, que irá investigar as causas, potenciais riscos e formas de solução. Quanto menos riscos a equipe estiver exposta, menos acidentes ocorrerão.
Segundo a OSHA (Occupational Safety and Health Administration), órgão que regulamenta as relações de segurança e saúde no trabalho nos Estados Unidos, o “quase acidente” é “uma ocorrência imprevista que não resultou em ferimentos, doença ou dano, mas tinha o potencial para fazê-lo”. Por isso, esta ocorrência não deve ficar restrita ao conhecimento apenas dos envolvidos. É a partir deste “quase acidente” que os acidentes verdadeiros podem ser evitados.
Veja abaixo alguns pontos para incentivar os colaboradores sobre a importância de relatar riscos:
- Evita novos acidentes;
- Aprimora processos internos;
- Facilita a fiscalização da conduta de todos os trabalhadores, já que a sua segurança depende também da atitude de um colega;
- Colabora com o aperfeiçoamento das atividades desempenhadas na empresa;
- Contribui com as ações da CIPA.
O mais importante é que todos entendam a importância da percepção de riscos e o que o seu reporte não é um incentivo para punições e sim uma oportunidade de aprendizado e aprimoramento!
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